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Futuro político de Laurez, Wanderlei e o Poder Legislativo

Posted On Sexta, 05 Setembro 2025 06:35
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Por Edson Rodrigues

 

O Tocantins atravessa um momento de tensão política. O afastamento do governador Wanderlei Barbosa, após decisão do STJ, que vinha conduzindo uma gestão considerada eficiente, acarretou na ascensão de Laurez Moreira, político experiente, que agora tem a oportunidade de mostrar a que veio. O Observatório Político de O Paralelo 13 não poderia se furtar a analisar esse novo cenário, que envolve também o papel decisivo do Poder Legislativo.

 

O desafio de Laurez Moreira

 

O governador interino Laurez Moreira precisa de tempo para empossar seus auxiliares, manter alguns nomes e convocar técnicos, gestores e companheiros para cargos estratégicos. Não é tarefa que se faça em um estalar de dedos. Cada novo auxiliar precisará montar equipe, se familiarizar com a máquina pública e reorganizar secretarias e empresas públicas, muitas delas sem orçamento disponível.

 

Será necessário um planejamento emergencial com prioridades já definidas, sempre condicionado à aprovação do Legislativo tocantinense. Nestes próximos praticamente 100 dias, as ações de Laurez terão caráter de pronto-socorro administrativo.

 

Canteiro de obras do Hospital Geral de Araguaína, com 70% das obras concluídas

 

O novo orçamento de 2026, ano eleitoral, virá com restrições que exigirão sincronia entre empenho e responsabilidade fiscal. Laurez terá de agir rápido: o Estado possui empréstimos em tramitação no BNDES e no BIRD, além de contratos com o Banco do Brasil, essenciais para a continuidade das obras dos hospitais regionais de Araguaína e Gurupi.

 

Ao longo dos 180 dias de mandato interino, Laurez terá a chance de afirmar seu estilo de gestão. Político tarimbado, foi prefeito de Gurupi, deputado federal e conhece os caminhos da Assembleia Legislativa. Seu futuro político dependerá, em grande parte, do desempenho nesse período. Agora, é ele, para ele e para os tocantinenses.

 

O papel do Legislativo tocantinense

 

Não podemos macular o Poder Legislativo, a Casa de Leis. Hoje presidida pelo deputado estadual Amélio Cayres, a Assembleia precisa se afastar das sombras que pairaram sobre gestões passadas, marcadas por suspeitas de irregularidades envolvendo emendas impositivas.

 

É verdade que investigações da Polícia Federal, autorizadas pelo ministro Mário Campel, resultaram em operações que atingiram gabinetes de parlamentares e culminaram no afastamento do governador Wanderlei Barbosa. Mas é preciso deixar claro: nem os deputados investigados nem o governador afastado são réus ou condenados. Eles estão na condição de investigados, com seus direitos políticos e civis preservados.

 

PGR Paulo Gustavo Gonet 

 

Apesar disso, o Ministério Público Federal defendeu a manutenção do governador Wanderlei Barbosa no cargo, alegando falta de provas para justificar seu afastamento na Operação Fames-19. A Procuradoria também rejeitou suspender deputados e empresas citadas, sustentando que não há risco às investigações. Porém, apesar da posição do Ministério Público, cabe agora à Polícia Federal comprovar o que não foi apontado pela Procuradoria, apresentando elementos de provas consistentes.

 

Diante desse quadro, cabe a Amélio Cayres a oportunidade de “fazer do azedo do limão uma limonada”. A atual Mesa Diretora pode assumir uma gestão transparente e participativa, com consultas públicas, prestação trimestral de contas, encontros com universidades, estudantes, servidores e sociedade civil organizada. A abertura de debates e projetos compartilhados pode resgatar a credibilidade e o papel democrático da Assembleia Legislativa.

 

A gestão Wanderlei Barbosa

 

É inegável que o governador afastado Wanderlei Barbosa deixou marcas positivas em sua administração. Atuou na valorização do funcionalismo público, construiu um bom relacionamento com os demais poderes, investiu fortemente na saúde e garantiu recursos assegurados por empréstimos junto ao Banco do Brasil para a finalização dos hospitais regionais de Araguaína e Gurupi. Além disso, conseguiu equilibrar o atendimento no HRP, recuperou a malha viária e promoveu avanços na segurança pública.

 

 

No entanto, pecou. Wanderlei não pode culpar o vice-governador pela denúncia que levou ao seu afastamento. Os possíveis crimes estão nos autos, e cabe a ele provar que não tem responsabilidade nem ligação com os fatos. É importante ressaltar que, até aqui, o governador afastado não é réu nem condenado: ele é investigado, e como tal, mantém íntegros seus direitos políticos e civis.

 

Caso decida disputar um mandato de senador ou deputado federal, não há impedimento legal. O momento exige que faça sua defesa judicial, mas, ao mesmo tempo, percorra o Tocantins e converse com a população. Mais do que isso: deve deixar Laurez mostrar sua força administrativa no comando do Estado.

 

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 faz questão de registrar e lembrar que encontram-se em tramitação no STJ, em segredo de justiça, mais dois processos de acusação de irregularidades contra a gestão do governador Wanderlei Barbosa. Sua concentração neste momento deve estar em contar com bons advogados para se defender e até que se prove o contrário, há uma presunção de inocência, onde o governador afastado não é réu nem condenado.

 

Desviar recursos de compra de cesta básica em plena pandemia é crime. O Observatório Político de O Paralelo 13 deseja que caso o fato seja verídico, que a Polícia Federal e os demais órgãos competentes tragam elementos de provas incontestáveis caso tenha havido desvio de recursos de emendas impositivas destinados à compra de cestas básicas que deveriam atender famílias em vulnerabilidade. Se comprovados, que os responsáveis sejam levados à barra da Justiça, condenados à prisão, tenham seus direitos políticos suspensos e sofram o confisco de bens para reparar os danos ao erário. Tudo isso, evidentemente, com o direito de defesa garantido a todos os acusados.

 

O Tocantins precisa de paz e de volta à normalidade, sem tensão política. O Observatório Político de O Paralelo 13, nestes 39 anos de jornalismo e garimpagem de fatos, deseja trazer boas novas da gestão interina de Laurez Moreira.

 

Que Deus nos abençoe.

 

 

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