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O Silêncio de Bob...

Posted On Domingo, 19 Outubro 2025 04:07
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É o silêncio de todos nós...

 

Bob era mais que um gato era um pedaço vivo da ternura que a vida, por vezes, nos permite tocar.

 

Filho de uma mãe que conheceu a crueldade humana nas nossas ruas e alamedas arborizadas de um condomínio lindo em frente ao lago , ele renasceu sob o abrigo do amor e da compaixão de Alice, minha esposa, que acolheu sua mãe grávida com vários chumbos pelo corpo... que o acolheu como quem salva o que resta de pureza neste mundo cansado.

 

Nasceu pequeno, curioso e dono de um olhar que parecia compreender os segredos do tempo, Bob viveu seus dias entre brincadeiras e afagos.

 

Saía pouco, e quando saía, era apenas para sentir o vento que passava na alameda Babaçu entre as flores dos quintais dos vizinhos e as palmeiras da nossa grama, o mesmo vento que agora leva seu nome nessa noite triste em murmúrios de saudade.

 

Mas a maldade humana , essa sombra que insiste em se infiltrar nas frestas da vida e entre nós no meio que vivemos, disfarçada de civilidade , encontrou Bob. Envenenado. Silenciado por mãos que não conhecem o valor da existência de toda vida .

 

Quantos Bobs ainda precisarão morrer até que entendamos que toda vida importa?

 

Que o sofrimento de um ser indefeso é também o reflexo da falência da nossa humanidade ou do nosso sucesso profissional e financeiro ?

 

Vivemos repetindo que somos racionais, mas é no ato de destruir o inocente que revelamos o quanto ainda somos bárbaros.

 

Uma pena... Bob viveu pouco  talvez porque o mundo ainda não aprendeu a merecer criaturas como ele.

 

Alice e eu tentamos, dentro de nossas limitações, dar-lhe o melhor: afeto, abrigo e o direito de ser feliz. E ele foi  até que a injustiça o encontrou.

 

Agora, descansa em outro lugar, onde a vida é respeitada, onde o amor é a única lei e a pureza não é punida. Porque em Deus sempre encontramos a paz.

 

Fica, contudo, a minha reflexão amarga: o envenenamento de um ser indefeso jamais ficará impune nem na terra, nem no silêncio invisível que separa o homem da sua consciência.

 

Que o Bob descanse em paz.

 

E que nós, os sobreviventes da própria indiferença, aprendamos a respeitar a vida  antes que a vida se canse de nós.

 

Tom Lyra

 

 

Última modificação em Domingo, 19 Outubro 2025 04:53
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