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MDB e PT à beira da extinção política no Tocantins

Posted On Segunda, 12 Mai 2025 22:48
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À medida que o calendário avança rumo às eleições estaduais de 2026, dois importantes partidos que já protagonizaram capítulos marcantes na política tocantinense, MDB e PT, caminham perigosamente para o isolamento ou exclusão social. A cada pleito, as siglas demonstram sinais de esvaziamento eleitoral, interno e institucional. Se não houver reinvenção urgente, ambas correm o risco real de desaparecer da Câmara dos Deputados e da Assembleia Legislativa do Tocantins

 

 

Por Edson Rodrigues

 

 

Em 2022, o PT ainda teve fôlego no âmbito presidencial: Lula liderou no Tocantins com 48,43% dos votos, seguido por Jair Bolsonaro (PL), com 43,20%. Porém, essa vantagem eleitoral não se refletiu em força partidária local. O PT não elegeu sequer um deputado estadual ou federal, assim como o MDB, que outrora comandou o estado com Moisés Avelino e Marcelo Miranda, hoje amarga uma fragorosa decadência.

 

 

O cenário é de decomposição. O MDB, hoje presidido pelo deputado federal Alexandre Guimarães que, vale lembrar, foi eleito em 2022 pelo Republicanos, partido que elegeu três deputados federais no Tocantins, enfrenta o desafio de se reconstruir quase do zero. Embora esteja à frente da sigla, Guimarães ainda não conseguiu apresentar quadros viáveis para disputar as próximas eleições com chance real de vitória. O partido, no momento, não tem nomes fortes nem musculatura suficiente para atingir o coeficiente exigido para eleger deputados federais, estimado em cerca de 96 mil votos por vaga.

Se quiser devolver o MDB ao protagonismo que já teve, com bancadas expressivas tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Federal, Guimarães terá que ir além das reuniões regionais e investir pesado na formação de nominatas competitivas. Ainda há tempo, mas será preciso muito mais do que intenções. Será preciso articulação, estratégia e gente com voto.

 

Enquanto promove reuniões regionais em busca de oxigênio político, nos bastidores, figuras como Dulce Miranda, que teve mais de 38 mil votos em 2022, já preparam as malas para sair do partido. Sem mandato e em pré-campanha para deputada estadual, Dulce Miranda sabe que, para sobreviver, talvez precise de outro abrigo partidário. O MDB perdeu identidade e, ao que tudo indica, também perdeu seu rumo.

 

José Roberto ex-deputado do PT 

O PT, por sua vez, parece afundado em disputas internas que o imobilizam. Fragmentado, rachado em tendências, virou um partido de “PTS”, como ironiza o senso comum, onde cada grupo puxa para um lado. Com o mesmo comando há anos, a legenda perdeu capacidade de se renovar e de atrair nomes com densidade eleitoral. Se continuar nesse marasmo, dificilmente terá força para ultrapassar o novo coeficiente eleitoral de 96 mil votos para federal e 42 mil para estadual.

 

Os desafios são amplificados pelas novas regras das sobras eleitorais e pela pressão crescente para que partidos se fundam ou federem por pura sobrevivência. O PSDB, por exemplo, que já vem derretendo nacionalmente, articula sua fusão com o Podemos, numa tentativa de respiro estratégico. No Tocantins, entretanto, essa união pode selar o fim político de algumas figuras.

 

 

A ex-prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, que já não possui o prestígio de outrora, dificilmente encontrará espaço no novo partido que deve nascer da fusão entre PSDB e Podemos, sob a liderança do prefeito Eduardo Siqueira Campos. Mesmo após dois mandatos à frente da capital, Cinthia não conseguiu consolidar um grupo político fiel dentro da legenda atual e, caso insista numa candidatura a deputada federal em 2026 por esse novo partido, o cenário mais provável é o de naufrágio eleitoral. O observatório político de O Paralelo 13 não enxerga chances reais de sobrevivência para ela nessa configuração. No entanto, caso migre para outra legenda onde tenha espaço político e apoio estratégico, Cinthia ainda pode manter alguma competitividade nas urnas. Já União Brasil e o Progressistas continuam com capital político relevante e dialogam para fortalecer chapas competitivas.

 

prefeito da Capital Eduardo Siqueira Campos 

 

A aposta de Guimarães em reconstruir o MDB pode até ser bem-intencionada, mas sem base sólida e sem lideranças com voto, é como comprar gato por lebre. Ser candidato ao Senado, como se especula nos bastidores, exige mais do que coragem: exige partido estruturado, palanque forte e base fiel. No quadro atual, falta tudo isso.

 

É possível que o MDB ainda tenha tempo de se reinventar. Já o PT, sem mudança de comando e sem unidade, parece destinado ao desaparecimento. A política não perdoa inércia. E, como ensina a velha máxima das urnas partido que não se adapta, evapora. As eleições de 2026 serão um divisor de águas para o futuro dessas legendas. Ou mudam, e rápido, ou serão lembradas apenas nos livros de história.

 

 

 

Última modificação em Terça, 13 Mai 2025 06:09
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