Por Edson Rodrigues

Os governadores de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal fizeram um pacto com o governo do presidente interino, Michel Temer, que permitiu a rolagem das dívidas de cada um para com a União e como BNDES, além de voltar a avalizar a captação de recursos internacionais.  Esse pacto contou com o apoio dos principais líderes do Congresso Nacional. Para se habilitar aos benefícios desse pacto, os Estados tiveram que aceitar algumas condições impostas pela União.  A principal delas é a proibição da concessão de quaisquer tipos de aumento salarial a servidores. A questão é que faltou perguntar aos servidores públicos estaduais se eles estariam dispostos a se sacrificar por esse pacto.  Em estados como o Tocantins, onde muitas progressões e promoções foram concedidas nos últimos anos, o descontentamento por parte do funcionalismo é latente e pode redundar em ações em cadeia que podem causar um verdadeiro caos à vida dos cidadãos.
GREVE GERAL E SEUS EFEITOS IRREVERSÍVEIS Caso os servidores públicos estaduais progridam com as manifestações até chegar à decretação de uma greve geral no Estado, os efeitos da paralisação serão, além de nefastos a toda a sociedade, irreversíveis em alguns dos seus desdobramentos. População e comerciantes serão extremamente prejudicados sem os serviços da Saúde Pública, da Educação, da Segurança Pública.  A economia ficaria paralisada e, por conseguinte, deixaria de arrecadar os impostos necessários para que se consiga chegar, novamente, a um patamar de normalidade financeira nos cofres públicos, gerando, inclusive, a total impossibilidade de arcar com a folha de pagamento dos próprios servidores, já que, além de estarem diminuindo mês a mês, os repasses do FPE – Fundo de Participação dos Estados – é uma verba “carimbada”, ou seja, deve ser aplicada apenas ao que se destina e, dentre esses destinos, não está a folha de pagamento.  Sem contar que faltariam recursos, também, para os repasses aos demais poderes – Legislativo e Judiciário – além de diversos órgãos, como TCE, TRE, Defensoria Pública, entre outros. Caso o movimento dos sindicatos dos servidores progrida à uma greve geral, o governo do estado será obrigado, instantaneamente, a decretar estado de calamidade pública, já que os principais serviços à população – Saúde e Segurança Pública – ficarão comprometidos de tal maneira que será impossível garantir o bem-estar dos cidadãos. Como Estado mais novo da federação, o Tocantins tem uma industrialização incipiente, sua arrecadação interna vem diretamente dos setores do comércio e de serviços, que ficariam paralisados em caso de greve.  Paralisados, também, ficariam todos os benefícios que o governo conseguiu garantir a duras penas, como os recursos federais para o setor agrícola, para a recuperação e asfaltamento de estradas, construção de casas populares e, principalmente, da nova ponte sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional. Trocando em miúdos, se o Estado ceder e pagar o que pedem os grevistas, todo o esforço da população ao aceitar o aumento de impostos, todo o sacrifício para ficar em dia com suas contas e ajudar o Tocantins a se manter equilibrado em meio ao atoleiro econômico que o País enfrenta, terá sido em vão, pois a União simplesmente congelaria os recursos já garantidos ao Tocantins e nos colocaria na “lista de desobedientes”, ou seja, toda e qualquer facilidade advinda de Brasília passará ao largo do Tocantins, que teria que resolver seus problemas econômicos por si mesmo, o que é, todos sabemos, impossível. É bom que se ressalte que, nesse caso, não terá nem como solicitar auxílio da Força de Segurança Nacional que já está mobilizada para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.  Nossa população ficará entregue às moscas, à mercê dos criminosos, situação em que os bancos e alguns tipos de comércio serão obrigados a fechar suas portas e suspender o atendimento por falta de condições de trabalho.  Nesse caso incluem-se, também, caixas eletrônicos, casas loterias, agências dos correios, supermercados, lojas de artigos de luxo. Uma situação assim, propiciará, não só aos criminosos do nosso estado como aos dos estados vizinhos, a realização de arrastões nas ruas, nas praias, nos comércios e residências, já que policiais civis e militares não estarão nas ruas, ameaçando a segurança de toda a sociedade, que não tem nada a ver com a situação econômica e é a grande sacrificada por essa situação pois, mesmo com toda a recessão e atrasos de pagamentos, é obrigada a pagar seus impostos em dia. Outro ponto importante é que estamos em plenas férias escolares e temporada de praias, quando o turismo interno é grande e pessoas de vários estados vêm visitar nossas atrações turísticas, matando de vez as chances dos comerciantes e cidadãos que aproveitam essa época para aumentar seus ganhos e faturar um dinheirinho suado no fim do dia. Portanto, é bom que os líderes sindicais e representantes do funcionalismo estadual ponderem minuciosamente sobre a possibilidade de uma greve geral, pois ela pode ser o primeiro passo para uma situação insustentável e, talvez, irreversível, representando a pá de cal nas pretensões de recuperação econômica do nosso Estado. Que Deus nos ajude!

Posted On Quinta, 07 Julho 2016 06:07 Escrito por

Durante reunião na casa de Joaquim Maia, o governador Marcelo Miranda disse estar feliz pela união das oposições na cidade pelo desenvolvimento de Porto Nacional O governador Marcelo Miranda declarou apoio à pré-candidatura de Joaquim Maia (PV) à Prefeitura de Porto Nacional. O anúncio foi feito durante reunião na casa de Joaquim Maia na manhã desta terça-feira, 5, em Porto Nacional, e contou com a presença dos deputados Paulo Mourão (PT) e Valdemar Júnior (PMDB), que são fortes apoiadores da pré-candidatura de Joaquim Maia a prefeito, além de líderes partidários e pré-candidatos a vereador em Porto Nacional.   No encontro, o governador afirmou a todos o quanto a união das lideranças de oposição na cidade o deixou feliz e à vontade para apoiar Joaquim Maia nas eleições que se aproximam. “O Tocantins precisa de novos líderes, do surgimento de novas lideranças e você Joaquim Maia é sem dúvida uma dessas lideranças. Alguns podem achar estranho você sendo vereador de Palmas e se candidatar a prefeito de Porto Nacional, mas não, você está voltando para casa, para cuidar da sua gente e por isso temos que lhe parabenizar pela iniciativa. Vim aqui hoje para dizer a você, Joaquim Maia, e a todos os seus aliados, que estou pronto para caminhar ao lado de todos vocês rumo a esta grande mudança que, juntos, faremos por Porto Nacional”, disse Marcelo Miranda. “Quero parabenizar os deputados Paulo Mourão, Valdemar Júnior e Ricardo Ayres pela brilhante condução que culminou na união da oposição de Porto Nacional, chegando ao consenso do nome do nosso amigo Joaquim Maia para ser o nosso pré-candidato a prefeito. Aqui está decidido, o nosso pré-candidato em Porto é o Joaquim Maia. Por isso estou muito feliz. Estamos juntos e você poderá contar com todo o nosso apoio nesta caminhada e, principalmente, no momento em que for governar esta importante cidade do nosso Estado. Aqui também quero parabenizar a minha vice-governadora, Cláudia Lelis, também do PV, pela sua articulação por essa união das oposições de Porto”, disse Marcelo Miranda. Joaquim Maia ressaltou o quanto o apoio do governador Marcelo Miranda é importante nesse pleito. “Agradecemos pelo seu apoio, governador, que é de fundamental importância nesta caminhada para dar um futuro melhor a Porto Nacional. É importante também saber que num futuro governo em Porto Nacional, contaremos com a parceria do Estado nas ações que possam promover as mudanças necessárias, que são tão esperadas pelo nosso povo portuense”, afirmou Maia.
Ampliação do Hospital Um dos cinco maiores hospitais da rede estadual do Tocantins, o Hospital Regional Público de Porto Nacional (HRPPN), ganhou na manhã desta terça-feira, 5, mais 26 novos leitos e melhorias na sala de enfermaria, sala de emergência e observação. Além de ampliar a capacidade, humanizar o atendimento e melhorar as condições de trabalho dos profissionais do Hospital, os novos leitos vão beneficiar mais de 108 mil habitantes da Região de Saúde Amor Perfeito, que compreende 13 municípios.   Os leitos e as melhorias foram inauguradas pelo governador Marcelo Miranda, acompanhado pelo secretário da Saúde, dr. Marcos Esner Musafir e pelos deputados Paulo Mourão e Valdemar Júnior.

Posted On Quarta, 06 Julho 2016 06:52 Escrito por

 

É a primeira vez na história política de Porto Nacional, que um governador do PMDB visita o município e não é recebido, nem prestigiado pelo seu partido, pois nenhum dos caciques dos “modebas” se fez presente no ato. O deputado Ricardo Aires, companheiro de partido com mandato também não compareceu, nem mandou representante. O deputado Toinho Andrade foi representado pela esposa Virgínia Andrade. Quem esteve à frente de toda a agenda do governador foi seu chefe de gabinete Cenourão.

O não comparecimento da população, bem como de lideranças políticas, civis e religiosas demonstra a péssima relação do Palácio Araguaia com a população portuense, e que não fizeram a sociedade compreender a grandeza dos benefícios com a ampliação e melhorias nos hospitais.

O governador foi recebido com uma banda de música e no local havia um palco para que fizesse uso da palavra. Diante do número insignificante de pessoas, Marcelo Miranda inteligentemente saiu do Hospital Regional de Porto para o Tia Dedé sem fazer o uso da palavra. A cena foi a mesma, poucas pessoas esperavam-no.

 

Ampliação do Hospital

O governador Marcelo Miranda visitou na manhã de terça-feira, 05, o município de Porto Nacional. A visita a capital da cultura foi para conferir as novas instalações e ampliação do Hospital Regional de Porto Nacional. Marcelo Miranda estava acompanhado dos deputados estaduais Valdemar Júnior, Paulo Mourão e do presidente da Adapec, Humberto Camelo.

No total são mais de 26 novos leitos, e melhorias na sala de enfermaria, sala de emergência e observação. Além do atendimento, essas benfeitorias melhoram a qualidade do trabalho dos profissionais. Conforme o governo, cerca de 108 mil habitantes serão beneficiados com as melhorias.

Com a ampliação, o crescimento físico da unidade deve representar um aumento de 30% nos atendimentos. Com os 26 leitos o Hospital passa a ter 101 leitos que recebem pacientes das seguintes especialidades: cirurgia geral, ortopedia, bucomaxilo facial, cirurgias ginecológicas eletivas, cabeça e pescoço

Durante a visita Marcelo Miranda disse que esse passo desafogará as emergências do Hospital Geral de Palmas. Segundo ele, mesmo com toda a crise econômica não tem medido esforços para melhorar a saúde.

 

Parceria do Itpac

A ampliação contou com a parceria do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (Itpac). Uma parceria iniciada pelo competente ex-diretor do Hospital Regional de Porto, Argemiro Silva, e foi aprimorado pela atual diretora, a ex-vereadora e ex-chefe da extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam).

 

Referência

O Hospital Regional Público de Porto Nacional é um dos cinco maiores hospitais públicos do Estado, além de ser referência para atendimento de urgência e emergência em Porto Nacional, Brejinho de Nazaré, Chapada da Natividade, Fátima, Ipueiras, Mateiros, Monte do Carmo, Natividade, Oliveira de Fátima, Pindorama, Ponte Alta do Tocantins, Santa Rosa e Silvanópolis.

 

 Visita ao Tia Dedé

O governador Marcelo Miranda também conheceu a implantação do Posto de Banco de Leite Humano e do Jardim Terapêutico.  O Hospital e Maternidade Tia Dedé é uma unidade de urgência e emergência, com pronto-socorro infantil e capacidade instalada de 50 leitos.

 

Café da manhã

Marcelo Miranda passou para um café, na casa do vereador de Palmas e candidato a prefeito em Porto Nacional Joaquim Maia. No hospital foi recebido pelo prefeito Otoniel Andrate, secretários, vereadores e assessores.

Com a justificativa de estar proibido de participar de atos públicos conforme a legislação eleitoral, o prefeito não acompanhou o governador na visita. Ainda assim, ressaltou que Porto Nacional recebe-o com muito carinho. Que o município esta de portas abertas sempre que preciso. Otoniel Andrade foi colega de bancada de Marcelo Miranda na Assembleia Legislativa, e apesar de estarem politicamente em lados opostos, o prefeito tem um bom relacionamento com o governador, bem como seu pai, dr. Brito Miranda.

 

Posted On Quarta, 06 Julho 2016 06:39 Escrito por

Com envolvimento da Odebrecht em nova delação, Justiça deve  investigar compra da concessionária de água do Estado pela empreiteira e pode voltar a mira da Lava Jato para o Tocantins

 

O ex­vice­presidente de fundos de governo e loterias da Caixa, Fábio Cleto, relatou em sua delação premiada que recebeu um total de R$ 7,3 milhões em propina de dez empresas, em troca da liberação de recursos do Fundo de Investimento do FGTS (FIFGTS) para essas empresas.

Segundo o ex­dirigente da Caixa, ele teria direito a 8% da propina acordada, mas repassava metade a um sócio. O hoje presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB­RJ), era destinatário de 80% do repasse, diz. Por essa relação, levando em conta o que o delator diz ter embolsado (R$ 7,3 milhões), Cunha ficaria com pelo menos R$ 90 milhões do esquema.

A Folha de São Paulo teve acesso ao primeiro depoimento prestado por Cleto aos investigadores da Lava Jato, em 12 de abril, que é sigiloso. Ele faz um panorama geral de como funcionaria o suposto esquema na Caixa e da participação de Cunha e do corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro. Funaro foi preso na última sexta (1º) na Operação Sépsis, com base na delação de Cleto. Além de vice da Caixa, ele integrava o conselho do fundo de investimentos do FGTS, atuando na liberação de recursos para empresas.

Aos investigadores, Cleto relatou ter recebido US$ 2,1 milhões por meio de transferências a suas contas na Suíça e R$ 520 mil de dinheiro em espécie, sempre por meio de cobrança que Cunha faria a empresas interessadas em recursos da Caixa.

As dez empresas listadas por Cleto são: Porto Maravilha (consórcio formado por Carioca Engenharia, OAS e Odebrecht), Haztec, Aquapolo (formada por Odebrecht e Sabesp), OAS, BR Vias (de Henrique Constantino, dono da Gol), Saneatins (controlada pela Odebrecht Ambiental), LLX (de Eike Batista), Eldorado Celulose (parte do grupo da JBS), Brado Logísticas (tem como acionistas os grupos ALL, BRZ, Deminvest e Dimitrios Markakis) e "Linhas Amarelas do Metrô", do Rio de Janeiro. Juntas, elas captaram mais de R$ 6,5 bilhões do FGTS.

No primeiro depoimento aos investigadores, Cleto não dá detalhes dos valores acertados com cada empresa. Nos outros, ele também cita outras empresas possivelmente envolvidas, mas sem dizer ter recebido propina delas.

Em relação às transferências no exterior, Cleto relatou que efetivamente só recebeu valores diretamente da Carioca Engenharia, integrante do consórcio Porto Maravilha, por uma decisão de Cunha.

No depoimento, ele diz que Cunha descontava desse valor o que Cleto teria a receber de outras empresas por ocasião dos acertos irregulares. "Na verdade os depósitos da Carioca diziam respeito ao pagamento de propina de diversas operações de diversas empresas".

Cleto afirmou aos investigadores que Cunha controlava a contabilidade da corrupção. "Depois de aprovada uma operação, em que fora solicitado apoio ao depoente, Eduardo Cunha avisava se havia o pagamento de propina e, em caso positivo, quanto havia sido cobrado da empresa", contou.

Segundo o delator, a partir de 2012, o hoje deputado afastado passou a acertar diretamente com ele as vantagens indevidas. Isso porque Cleto teria brigado com Funaro por conta de seu temperamento agressivo.

O ex­vice­presidente da Caixa disse ainda aos investigadores que chegou a ameaçar deixar o cargo por causa do comportamento do corretor de valores, mas Cunha insistiu para que ele permanecesse.

OUTRO LADO

Com exceção da Carioca, as empresas negaram participação no esquema. A Eldorado diz que o procedimento de captação de recursos "seguiu estritamente as regras do FI­FGTS". A Via Rondon disse que a investigação não envolve outros negócios da família de Constantino. A defesa de Eike Batista, ex­dono da LLX, diz que ele "repele categoricamente" as acusações.

A Haztec afirmou que teve seu controle societário e sua administração alterados em 2013 e que está à disposição das autoridades. A empresa destacou ter "irrestrito compromisso com as boas práticas de governança".

A assessoria da Brado disse que está à disposição das autoridades, que os fatos são anteriores à mudança de controle e gestão da companhia e que há auditoria em curso.

A Concessionária Porto Novo, responsável pelo Porto Maravilha, afirmou desconhecer o assunto e disse que seu contrato de Parceria Público­Privada foi celebrado com a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio.

Em nota divulgada nesta segunda (4), a Invepar, responsável pela linha amarela do metrô do Rio, informou que "desconhece qualquer irregularidade na operação". Disse que contratou financiamento junto ao FI­FGTS de R$ 386,7 milhões em maio de 2012.

OAS, Aquapolo e Saneatins não quiseram se manifestar. A Carioca já admitiu em delação que pagou propina pelas obras.

Cunha repetiu nota em que afirma não ter recebido vantagem ndevida. A defesa de Funaro disse que ele é inocente e que vai provar isso. O advogado de Cleto, Adriano Salles, não quis comentar.

 

Posted On Terça, 05 Julho 2016 07:33 Escrito por

Veja traz o goiano “João de Deus”, mostrando sua luta contra o câncer. Época traz entrevista com sobrevivente do “tribunal do crime” do PCC e Istoé também aborda aumento da criminalidade

 

VEJA

"A Lava Jato não vai abalar meu governo"

Perto de completar dois meses na Presidência da República, o presidente em exercício, Michel Temer, tem trabalhado até dezessete horas por dia - preço que paga por liderar um governo montado em prazo bíblico. Foram sete dias ao todo, segundo ele, um tempo exíguo que não foi definido apenas pelas circunstâncias, mas também por um distanciamento do poder que ele se autoimpôs às vésperas da votação do impeachment na Câmara para evitar a pecha de conspirador - já que, como diz, "o vice é sempre o principal suspeito".

De segunda a sexta, o peemedebista continua morando no Jaburu, o belo palácio que Oscar Niemeyer projetou para parecer "uma casa de fazenda", e que lembra mesmo uma, mais ainda quando as galinhas que ciscam à beira do lago comparecem de surpresa às reuniões que o presidente em exercício faz na sala envidraçada voltada para o jardim. Lá, em entrevista a VEJA, ele defendeu as privatizações de tudo "o que for possível", revelou ser contrário à criação de normas para "disciplinar" as delações premiadas, mas disse considerar "discutível" a decisão que prevê a prisão imediata dos réus condenados em segunda instância. Ao comentar a possibilidade de o deputado Eduardo Cunha renunciar à presidência da Câmara, contou que o aconselhou a "meditar a respeito". Sobre ele próprio, afirmou ser "zero" a chance de ter uma acusação comprovada na Lava-Jato. Reclamou da "campanha" dos adversários e elogiou a mulher, Marcela, a quem julga "preparadíssima" para entrar na vida pública. A estreia, disse, se dará assim que ela se mudar para Brasília com o filho do casal, Michelzinho, o que deve acontecer em agosto, se tudo correr como se prevê e o hoje presidente em exercício se tornar o 37º presidente da República do Brasil. Leia um trecho da entrevista:

De zero a 10, qual é a possibilidade de a Lava-­Jato abalar seu governo?

Zero. Convenhamos, em 45 dias resolvemos o problema federativo no país com a dívida dos estados, aprovamos a Desvinculação de Receitas da União, a DRU, em duas semanas... No caso das estatais, o projeto estava parado no Senado. Votamos na Câmara. São exemplos de que a Lava-Jato não atrapalha em nada.

E qual é a possibilidade de a Lava-Jato atingi-lo pessoalmente?

O que houve é que fui presidente do partido por muitos anos. Entravam doações, todas oficiais. Há uma tendência para criminalizar as doações oficiais. É preciso separar bem o que é propina do que foi doação legal.

 

ÉPOCA

Delator implica Cunha, e Lava Jato avança sobre "campeãs nacionais" da era petista

Ao deixar o emprego no banco Itaú, o executivo Fábio Cleto passou a operar, em 2011, um fundo de investimentos próprio. Conhecia do mercado financeiro Lúcio Funaro, um operador de fama ruim, acusado de operações ilícitas e envolvido no escândalo do mensalão. Sabia que Funaro era, também, próximo do deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro. Não sabia que naquele momento, em Brasília, políticos tinham dificuldades para emplacar alguém numa cobiçada vice-presidência da Caixa, em razão das exigências técnicas feitas pelo Ministério da Fazenda. Três nomes já haviam sido barrados. Cleto não sabia, mas era o homem certo, na hora certa. Sem qualquer conhecido em Brasília, foi o escolhido para ocupar aquele naco do Estado destinado aos políticos. O emprego era obra de Lúcio Funaro, que o recomendara a Cunha – que, por sua vez, avalizara a indicação com o então líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves. Estava feito. Cleto nem sequer encontrara Cunha. Mas sabia, por Funaro, que haveria benefícios no cargo – leia-se, propina.

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, e o empresário Joesley Batista. Delator diz que Cunha facilitou o acesso de Batista a R$ 940 milhões em troca de propina (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo, Marcelo Min/Fotogarrafa/Editora Globo)

No mesmo dia que sua nomeação foi publicada no Diário Oficial, 7 de abril de 2011, sob a assinatura da presidente Dilma Rousseff e do ministro Guido Mantega, Funaro telefonou e chamou Cleto para uma reunião em seu escritório, em São Paulo. Não era para comemorar. Ao chegar ao local, Cleto foi abordado por um carro e recebeu um envelope. Continha três folhas, com um documento no qual Cleto comunicava sua renúncia ao cargo que nem assumira na Caixa. Cleto foi obrigado a deixar o documento assinado com Funaro. Caíra numa armadilha.

Caso não seguisse as ordens, Funaro apresentaria a carta e ele perderia o cargo. Uma semana depois, Cleto teve a primeira reunião com Eduardo Cunha. O deputado foi objetivo: tinha interesse em projetos apresentados por empresas ao Conselho do FI-FGTS, um fundo bilionário, formado com dinheiro dos trabalhadores, e que investe em infraestrutura. Como vice da Caixa, Cleto seria uma das pessoas a decidir sobre a liberação de milhões de reais mediante pedidos das empresas. Cunha deu três ordens a ele: sempre informar quais eram as empresas interessadas no fundo, votar como ele mandasse e, por fim, encontrá-lo semanalmente todas as terças-feiras, às 7h30 da manhã, em sua casa; conversas, apenas pelo aplicativo BBM do celular BlackBerry. Cleto tornara-se escravo dos interesses econômicos de Eduardo Cunha em Brasília, sob o chicote de Funaro.

 

ISTOÉ

A violência venceu

Número de assassinatos no Brasil já supera o registrado em zonas de guerra: são seis homicídios por hora no País. Até quando a sociedade será refém da barbárie?

 

Gisele Palhares Gouvêa, médica, 34 anos. Waldik Gabriel Silva Chagas, 11 anos. Julio César Alves Espinoza, estudante universitário, 24 anos. Robert Pedro da Silva Rosa, 15 anos. Denilson Theodoro de Souza, 49 anos, segurança do prefeito do Rio de Janeiro. Guerino Solfa Neto, delegado, 43 anos. Nomes que ganharam ampla cobertura midiática na semana passada, mas são apenas o início de uma longa lista, que não caberia completa nas páginas de ISTOÉ: a de pessoas assassinadas no Brasil. São inacreditáveis 160 vidas perdidas no País todos os dias.

A relação dessas tragédias cotidianas começa pelo assassinato da dermatologista Gisele, morta com dois tiros na cabeça no sábado 25, enquanto fazia o trajeto entre o serviço comunitário num hospital do subúrbio carioca e sua casa. Passa pelo menino Waldik, 11, assassinado por um tiro disparado por um Guarda Civil Metropolitano (GCM) enquanto estava no banco de trás de um carro, na Zona Leste de São Paulo. E culmina com a execução, pelas mãos da polícia, do estudante Julio César, que teve o carro alvejado com 16 tiros durante uma perseguição, na terça-feira 28, preocupado por estar com excesso de multas. Porém, o cenário de guerra que se tornou o território nacional não termina com essas trágicas históricas, como confirmam as estatísticas.

A violência está cada vez mais banalizada e o brasileiro parece ter se acostumado à barbárie imposta pela ausência de políticas públicas eficientes. “O problema é essa Faixa de Gaza que a gente tem aqui no Rio de Janeiro”, disse o cirurgião plástico Renato Palhares, marido de Gisele, no funeral da esposa, na segunda-feira 27. A frase poderia se referir a qualquer lugar do País.

 

O Brasil hoje protagoniza uma realidade nefasta – é líder mundial em número de homicídios. São 58 mil assassinatos registrados em 2014, índice seis vezes superior à média global. Para se ter ideia da magnitude do problema, basta dizer que o País responde por 10% dos casos do planeta. As estatísticas brasileiras superam nações assoladas por guerras, como Israel, Iraque, Afeganistão e Paquistão. Um estudo realizado pelo Instituto Igarapé revelou que países da América Latina são os mais violentos.

“Embora muitas nações vivam conflitos prolongados, a escalada da violência nessas regiões é de tirar o fôlego”, diz Robert Muggah, diretor de pesquisa da organização. Uma em quatro pessoas assassinadas em todo o mundo é brasileira, colombiana ou venezuelana. E as perspectivas são as piores possíveis. “Aqui é a única parte do globo onde as taxas de homicídios estão crescendo.”

No Brasil, as regiões mais críticas são Norte e Nordeste, onde a violência só aumenta – correspondem a 52% dos casos de homicídios do País. “Nesses locais começou a circular mais dinheiro e o crime organizado se instaurou, a ponto de ter disputa entre facções”, diz Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os altos índices de desigualdade, concentração de pobreza, impunidade, o acelerado processo de urbanização, o tráfico de drogas e a repressão policial fizeram a violência disparar no Brasil. Para piorar, em apenas 8% dos casos os responsáveis vão para trás das grades.

Posted On Domingo, 03 Julho 2016 14:16 Escrito por
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