Por Edson Rodrigues
José Wilson Siqueira Campos completou 87 anos no último dia 1º. Seu aniversário foi comemorado como qualquer outra festa de comemoração por mais um ano de vida. Parentes e amigos presentes, comes e bebes tradicionais, felicitações e um “parabéns pra você” entoado com a emoção coerente com 87 anos completos de vida.
Mas, Siqueira Campos merecia mais.
Nascido em Crato (CE), filho de um seleiro e sapateiro com uma dona de casa, Siqueira Campos, como ficou conhecido, traz na história desses 87 anos, feitos que poucos homens, até mais idosos, mais conhecidos e mais comemorados, têm em seu currículo.
De um jovem que ficou órfão de mãe aos 12 anos e chegou a viver nas ruas em suas viagens ao Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, foi seringueiro no Amazonas e que não tinha uma profissão definida, pouco poderia se esperar nos idos dos anos 40 e 50.
POLÍTICA
E foi no trabalho no campo que Siqueira encontrou sua verdadeira vocação: a política.
Já estamos na então Colinas de Goiás, na década de 1960. Nessa cidade, hoje Colinas do Tocantins – não por acaso –, fundou a Cooperativa Goiana de Agricultores e iniciou, ali, um movimento popular pela criação do estado do Tocantins. Daí a se eleger como vereador mais votado nas eleições de 1965 pela Arena.
Sua luta pela causa tocantinense lhe rendeu uma prisão, que durou 21 dias, e o encheu de coragem para disputar o cargo de deputado federal. Eleito para a Câmara Federal, se reelegeu por mais quatro mandatos, permanecendo de 1971 até 1988.
Foi na Câmara dos deputados que Siqueira Campos enfrentou sua maior batalha.
Como representante do norte goiano iniciou a tramitação efetiva pela criação do Tocantins. Chegou a fazer uma greve de fome de 98 horas em favor da causa separatista. Siqueira foi, inclusive, deputado federal Constituinte e relator da Subcomissão dos Estados da Assembleia Nacional Constituinte, tendo redigido e entregado ao presidente da Assembleia (deputado Ulisses Guimarães) a fusão de emendas (conhecida como Emenda Siqueira Campos) que, aprovada, deu origem ao Estado do Tocantins, com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
A criação do Tocantins, pelos deputados membros Assembléia Constituinte, finalizou uma luta de quase 200 anos dos moradores do então Norte de Goiás em prol da divisão do Estado, trazendo a perspectiva de desenvolvimento para uma região que viveu séculos de relativo isolamento. Com o Tocantins finalmente criado, Siqueira Campos se elegeu o primeiro governador, para mandato de dois anos (de 1º de janeiro de 1989 a 15 de março de 1991).
Veio, então, sua segunda batalha: a construção de Palmas.
PALMAS PARA SUAS OBRAS
À época, a decisão da construção de uma nova cidade para abrigar a capital foi amplamente criticada, sobretudo pelos prefeitos das maiores cidades do Tocantins e pelos maiores líderes que enxergavam na proposta um desperdício de recursos.
Mas Siqueira foi em frente e foi nessa cidade tão criticada no começo e tão elogiada hoje, que ele comemorou, 60 anos depois do início da sua carreira política, seus 87 anos.
Nesse meio tempo, foi governador do Tocantins por quatro mandatos, nos quais deu sua alma para emplacar seus projetos e mais acertou que errou. Acertou quando apostou no Tocantins como um novo celeiro e um elo entre os estados da federação. Errou quando trouxe um quadro da oposição e o elegeu governador. Acertou quando procurou investimentos internacionais para alavancar a economia. Errou quando sacrificou alguns anos de mandato para que seu principal herdeiro político, seu filho Eduardo Siqueira Campos, pudesse se candidatar a governador – ou, pelo menos, ter condições de chegar à principal cadeira do Palácio Araguaia.
Foi um período em que o Estado saiu da total precariedade até chegar ao início de sua industrialização, com obras importantes como a interligação das principais cidades do estado com pavimentação, os Hospitais Regionais das maiores cidades, principalmente o de Palmas, os principais hospitais do estado únicos construídos até os dias atuais.
No entanto, foi na cidade que fundou, Palmas, que Siqueira Campos mais realizou. Além da construção da UHE Luís Eduardo Magalhães e do Hospital Geral de Palmas, o governador Siqueira Campos idealizou e executou um grande programa de obras que deram forma definitiva de Palmas como a principal cidade do estado. Foi construído um amplo e moderno aeroporto, o projeto orla, a ponte sobre o lago de Palmas (8 km de extensão), a praça dos girassóis, o memorial da coluna prestes, dentre outras obras que são os principais cartões portais do estado.
ESTADISTA
É por isso que falamos, no início deste artigo, que Siqueira Campos merecia mais em sua festa de aniversário.
Merecia a presença de todo o povo tocantinense, que só o é por ter encabeçado a luta pela criação do estado.
Merecia a presença de toda a classe política do Tocantins que, em sua maioria, saiu do anonimato e chegou aos quadros partidários por suas mãos.
Merecia a presença da imprensa nacional, por ser um político com tantos anos de carreira, tantos feitos, tantas obras, e nenhum processo, nenhuma mácula e, principalmente, nenhuma indício de enriquecimento ilícito em seu currículo.
Merecia mais por ser o último estadista que este país conheceu.
Enfim: José Wilson Siqueira Campos teve uma bela festa de 87 anos de idade. Mas, merecia mais. Muito mais!
Operação denominada de Pixuleco esta sendo é realizada desde as 6h desta segunda-feira (3), em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Serão cumpridos 40 mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. A operação foi batizada de Pixuleco, em alusão ao termo utilizada pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que esta preso por corrupção.
Vaccari já é réu em processo na Justiça Federal do Paraná que investiga as denúncias da Lava Jato. Ele é suspeito de ter recebido propina em esquema de corrupção que atuou dentro da Petrobras.
O ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, que também é investigado pela Justiça, afirmou em delação premiada que Vaccari recebeu cerca de R$ 200 milhões em nome do PT no esquema investigado pela Lava Jato. As apurações da PF apontam que as propinas eram pagas por empreiteiras que firmavam contratos com a petroleira.
Um dos presos é o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba.
Laudos da PF mostram que, de 2009 a 2014, durante a vigência do contrato de obras da refinaria, a Camargo Corrêa repassou R$ 67,7 milhões a duas empresas do consultor Julio Camargo, a Piemonte (que recebeu R$ 22,7 milhões) e Treviso (para a qual foram repassados R$ 45,048 milhões). Júlio Camargo já assinou um acordo de delação premiada com a Justiça e, em depoimento, confessou os crimes.
No mesmo período, essas duas empresas depositaram R$ 1,375 milhão a Pascowitch. Ele afirmou ainda que era o próprio Dirceu quem fazia “insistentes” pedidos de dinheiro, necessários para garantir a manutenção dos contratos da Engevix com a Petrobras.
As dez horas na sede da PF em Curitiba outras informações deram levadas ao imprensa pelo procuradores da Republica e delegados da Polícia Federal.
Com informações de O Estado de São Paulo e G1
Agência Estado e Redação
Se contar mesmo o que sabe, o ex-diretor da Petrobras complicará a vida do PT na investigação.
Após Justiça Federal aceitar as denúncias contra Renato Duque e mais duas pessoas, uma nova denúncia contra o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque foi aceita nessa sexta-feira (31/7) pela 13ª Vara Federal de Curitiba. O executivo é acusado de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.
Em seu despacho, o juiz federal Sergio Moro afirma haver "provas documentais significativas da materialidade e autoria dos crimes, não sendo possível afirmar que a denúncia sustenta-se apenas na declaração de criminosos colaboradores". A decisão compreende a 14ª fase da operação "lava jato".
Duque é acusado pelo MPF de favorecer empresas em licitações da Petrobras
Além de Duque, também foram acusados João Antônio Bernardi Filho e Julio Gerin de Almeida Camargo. Os três réus foram denunciados por pagamentos de propinas envolvendo as empresas Odebrecht, Andrade Gutierrez e Petrobras.
MORO HOMOLOGA ACORDO DE DELAÇÃO DE MÁRIO GÓES
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, homologou a delação premiada do lobista Mário Góes, apontado como operador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobras. Preso desde fevereiro deste ano, Góes decidiu contar o que sabe sobre o esquema de propinas na estatal em troca de benefícios, como redução de pena.
O novo delator da Lava Jato já prestou 13 depoimentos nesta semana. Em sua colaboração ele deu mais detalhes sobre os caminhos do dinheiro ilícito na diretoria, já revelados em parte pelo ex-gerente Pedro Barusco que também fez delação revelando novos nomes de executivos que teriam pago propina e novas obras da Petrobras em que teriam ocorrido os pagamentos ilícitos. Góes é um dos cinco novos delatores da Lava Jato cujo nome vinha sendo mantido em sigilo pelos força-tarefa do Ministério Público Federal.
Agora em prisão domiciliar e com tornozeleira eletrônica, Góes vai pagar multa de R$ 38 milhões por seu envolvimento em crimes financeiros, lavagem de dinheiro, corrupção e evasão de divisas no esquema Petrobras. A multa está prevista na cláusula 14 do acordo de colaboração que firmou com o MP.
Os nomes dos delatores citados na lista do MPF são:
-Paulo Roberto Costa
-Shanni Azevedo Costa Bachmann
-Marici da Silva Azevedo Costa
-Marcio Lewkowicz
-Humberto Sampaio de Mesquita
-Arianna Azevedo Costa Bachmann
-Luccas Pace Júnior
-Alberto Youssef
-Julio Camargo
-Augusto Ribeiro
-Pedro Barusco
-Rafael Angulo Lopez
-Shinko Nakandakari
-Eduardo Leite
-Dalton dos Santos Avancini
-João Procópio
Outros nomes que fizeram delação mas não estão na lista do MPF são os do presidente da construtora UTC, Ricardo Pessoa, o lobista Milton Pascowitch e o empresário Júlio Faermann. Pessoa fechou acordo diretamente com a Procuradoria-Geral da República, em Brasília e, por isso, não consta na lista do MPF.
Estadão conteúdo
A Polícia Federal indiciou o ex-diretor Internacional da Petrobras Jorge Zelada por suposto envolvimento no esquema de desvios da estatal. Ele é suspeito de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O indiciamento foi comunicado esta semana pela PF a advogados do ex-diretor. O relatório com as conclusões do inquérito será agora analisado pelo Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se o denuncia à Justiça ou se cabe o aprofundamento das apurações.
Zelada foi preso pela PF na 15ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Operação Mônaco, no início de julho. A Procuradoria da República no Paraná sustenta que ele teria transferido 7,5 milhões de euros que mantinha na Suíça para uma conta no principado europeu. Os recursos, supostamente provenientes de corrupção, não teriam sido declarados por ele ao Fisco brasileiro.
O relatório de indiciamento se baseia na informação de que Zelada teria recebido propinas provenientes do aluguel de navios sonda para a Petrobras, entre eles o Titanium Explorer (Vantage), em 2009. Essas contratações, segundo auditoria da estatal, foram superfaturadas e deram prejuízo milionário.
Detalhes do esquema foram dados pelo lobista Hamylton Padilha, que representava as empresas desse segmento junto à companhia petrolífera. Ele estaria colaborando com as investigações conduzidas pelo MPF no Paraná, que já tem 23 delatores.
O advogado de Zelada, Renato de Moraes, afirmou que o indiciamento é precipitado, uma vez que uma série de documentos e informações acaba de ser anexada ao inquérito. "A precipitação tem a ver com o método usado em Curitiba: prender para investigar. Então, você tem de correr com a investigação", criticou.
O advogado minimizou a decisão da PF. "O indiciamento não quer dizer nada. É aquilo que o delegado acha. Já vi vários indiciados não serem denunciados e vários que não foram indiciados ser denunciados", declarou.
Zelada ficou em silêncio no depoimento. A defesa alega não ter tido acesso integral às acusações. O ex-diretor nega a titularidade da conta em Mônaco e, segundo seus defensores, dará explicações detalhadas a respeito oportunamente.
MPF
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou hoje (31), a propósito das investigações e prisões decorrentes da Operação Lava Jato, que não existe mais no país cidadão acima da lei ou livre de se submeter às decisões judiciais.
Falando por ocasião da solenidade de devolução à Petrobras de R$ 69 milhões, repatriados a partir das investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF), Janot avaliou que, depois da Operação Lava Jato, a Justiça brasileira amadureceu.
“Que fique, portanto, a mensagem de que o Ministério Público Federal está trabalhando para recuperar o orgulho do brasileiro e de que não existe cidadão acima da Lei. Hoje a Justiça brasileira dá sinais de que estamos vivendo um período de maturidade em que ninguém se exime do cumprimento da lei ou de se submeter às decisão judiciais”, disse o procurador.
Para Janot, a devolução de recursos desviados de forma ilícita da Petrobrás revela a atuação efetiva e incisiva do Ministério Público, além de resgatar o orgulho do Brasil. “Se acompanharmos a trajetória e as dificuldades dessa empresa para chegar até onde chegou, veremos que o que esses criminosos fizeram foi, além de saquear barbaramente os recursos dessa empresa, retirar da sociedade brasileira o seu orgulho e o orgulho na sua maior empresa (...). Pretendemos reverter este quadro e permitir a recuperação do nosso orgulho perdido. Essa empresa foi vítima da atuação cruel de criminosos que achacaram o seu patrimônio.”
Também presente à solenidade, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que, com a assinatura da devolução do dinheiro, construiu-se um símbolo histórico que marca claramente que o Brasil é hoje um Estado de Direito pleno, onde as instituições são respeitadss e os poderes são independentes. “É um Estado de Direito também porque a lei vale para todos, porque as investigações são feitas com isenção, com autonomia, e o Poder Executivo, mesmo diante dos seus órgãos policiais, não visa orientar para que essas investigações [da Lavo Jato] atinjam adversários ou poupem quem quer que seja.”
Cardozo, no entanto, aproveitou a oportunidade para reiterar que, também em um Estado de Direito, nenhum cidadão pode ser punido ou execrado, sem o direito ao contraditório, à ampla defesa e ao trânsito em julgado de uma setença – quando não há mais possibilidade de recurso.